Antes coisa de marginais, a tatuagem se expande e deixa de pertencer apenas ao mundo dos jovens
Muitos dos tatuados urbanos têm uma nação do venha a ser o rito de passagem. O processo pelo qual um indivíduo cumpre tarefas ou desafios sociais para alcançar um novo status. O fotógrafo Ramon Munhoz, 38, fez sua primeira tatuagem aos 12 anos, num tempo em que ter uma imagem desenhada no corpo era coisa de "marginal". Ramon afirma: “resolvi colocar arte na minha pele por razões comportamentais, para sair do contexto da cidade”. Dessa forma, Ramon ganhou um novo status atrelado à “marginalidade”, tornado-se assim um outsider. Hoje, com 17 tatuagens espalhadas pelo corpo, Ramon Munhoz, acrescenta uma imagem nova ao seu corpo em média entre 40 e 50 dias e não se arrepende.
Há pessoas que acreditam que a tatuagem ainda é um processo de negação dos valores vigentes na sociedade, como foi em outros tempos. Mas, na visão do psicólogo Sérgio Silva as coisas mudaram muito. Para ele, grande parte dos tatuados de hoje adere à tendência para se sentirem incluídos aos grupos sociais dos quais fazem parte. “Não creio que as pessoas que portam uma tatuagem são insatisfeitas com sua realidade. Afirmo que elas talvez não tenham a dimensão do que estão fazendo hoje pelo simples fato de que a nossa essência identitária, na atualidade, virou aparência”, afirma o especialista. O fotógrafo Ramon Munhoz concorda e destaca ainda que as motivações sociais como as suas são raras hoje em dia. “Muitas pessoas fazem uma tattoo pra entrarem em algum grupinho, serem cools, serem aceitas”, critica o fotógrafo.
Tatuados sofrem menos preconceito para ingressar no mercado de trabalho
Profissionais liberais costumam passar por processos de seleção menos rigorosos devido aos seus ramos de atuação. Mas mesmo, assim é preciso ficar atento quanto ao local onde é feita a tattoo. Pois, mesmo profissões onde aparentemente ser tatuado ou não, não faria qualquer diferença também cobram do candidato o quesito: “boa apresentação”.
Para profissionais como o fotógrafo Ramon Munhoz que usam o corpo como uma forma de expressão artística e também profissional, a tatuagem “chega a ser um conceito; muitos fotógrafos renomados são tatuados”, comenta. Para cada nicho de mercado há uma forma de ver e aceitar a tatuagem, na hora de fazê-la, o pretendente a ingressar no clube dos tatuados deve avaliar se ela será motivo de prazeres ou de dissabores.
Publicado originalmente no Jornal Eletrônico O ESTADO RJ, em 22 de Julho de 2011. Clique aqui para acessar a reportagem publicada no site do jornal.
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